Esta obra está localizada nas Antas, no lado sul, com vista para o Vale de Campanhã. Estudos demonstram que neste lugar existiam monumentos funerários megalíticos (dólmenes), no entanto esta é uma área da cidade de Porto que sofreu com sucessivas transformações nas últimas décadas, como por exemplo, a construção do novo Estádio do Dragão (1999-2003) e a construção do cruzamento das rodovias da Via de Cintura Interna / Antas, que foi produzido nos anos 80.
O “espírito do lugar” leva em conta a difícil união entre a memória recente e a ancestral: a primeira, relacionada com o jogo (banco natural, frente a um campo onde se produzem os eventos esportivos), e a segunda, que se refere à evocação dos dólmenes megalíticos que faltam (criado através do acesso à galeria, a câmara e a laje de cobertura em equilíbrio, apoiada sobre suportes verticais).
De esta “delicada” união, nasceu a intervenção no lote, que, ainda depende da rua, se manifesta principalmente na relação que busca estabelecer com o interior do bloco, onde a luz branca é a melhor, a vegetação é variada e se encontram os jardins das casas. Desde estes, pode-se ver a paisagem cortada por uma escada para o vazio, numa linha diagonal, que anima todo o jardim e o movimento no espaço exterior.
Neste contexto, e em relação com a discrepância introduzida com o programa, tentou-se respeitar a tranquilidade interna do bloco e evocar a memória atual e a memória espiritual ancestral.
Num propósito inicial de uma restauração funcional da totalidade do lote, a obra inclui a reabilitação e a ampliação de uma construção urbana de dois níveis, construída na primeira metade do século XX, assim como o reordenamento da paisagem do jardim.
O interior do edifício existente, no térreo, foi renovado por um restaurante e uma parcela onde havia uma dependência adjunta demolida por completo, se projetou um novo edifício para uma Casa de Chá.
Desde o desnível existente, o que equivale a um piso, se criaram dois vínculos, entre a área coberta e o espaço exterior, uma no exterior, através do pátio, e outra interior, através de uma galeria coberta no subsolo, onde existe um jardim rodeado por um cercado de bambu.
A área de transporte se ajustou à ampliação do edifício existente, tem uma escada interior que garante a abundante luz na galeria do subsolo, a articulação funcional e espacial entra os dois pavimentos.
O novo edifício da Casa de Chá, projetado com um dispositivo de concreto branco e preto de Valongo, propõe a evocação tanto da memória dos antepassados “dólmenes”, como o “branco” para o grande jogo, o que se manifesta na cobertura de equilíbrio através da luz. Este dispositivo é formalmente convertido numa pérgola de sombra que se reproduz no vidro e, junto com a estrutura do edifício da casa de chá, preenche o vazio das volumetrias inferiores, minimiza o impacto dos maiores edifícios vizinhos, criando um ambiente protegido, o que favorece a quietude e a contemplação.
Orçamento: 298,000 €